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Dicas Para Mestre de D&D 5e: Não Peça Testes, Faça-os Pensar!

DM:

“Vocês veem alguns peixes brancos e sem olhos, além de várias formações rochosas em uma poça d’água com profundidade entre 1,20 m e 1,80 m e cerca de 3 m de comprimento. Isso é tudo. Desejam sair daqui agora?”

Zezinho, O Fulano:

“Sim, vamos sair daqui e ir para algum lugar onde possamos encontrar algo interessante.”

Joãozinho, O Sicrano:

“Espere! Se esses peixes são apenas tipos cegos de caverna, ignore-os, mas e as formações rochosas? Alguma delas é diferente? Se sim, acho que temos que olhar mais.”

— Livro do Mestre, 1979

Aqui vai uma curiosidade: o bom e velho D&D não tinha testes de Percepção.

Não existiam regras para ver se você notava algo, ouvia algo, sentia um cheiro diferente, nada disso. Tinha regras para surpresa, para escutar através de portas (só portas) e para encontrar uma porta secreta (tipo, amarrar um elfo num bastão e balançar!), mas um teste geral de Percepção, isso não tinha (nem de Investigação, nem de Percepção, nem de Sobrevivência, nada).

Você deve estar pensando, “nossa, como as coisas melhoraram! Agora têm um jeito mais rápido de ver se os personagens notaram ou não algo. Agora posso dar a eles informações justas sobre o mundo ao redor com um simples rolar de dados!”

“E como os jogadores dos tempos dos incas e maias se viravam?”, você deve estar se perguntando. Era simples: eles ouviam a descrição do mundo do jogo feita pelo Mestre. Depois, faziam perguntas. E o Mestre (ou DM) contava o que acontecia.

É importante deixar claro que rolar dados não deve substituir a inteligência dos jogadores. Fazer testes de Percepção o tempo todo é só um jeito meio preguiçoso de dizer “bom, o jogador não perguntou nada que me desse uma pista se o personagem dele perceberia isso ou não, então vamos deixar os dados decidirem.”

E se a informação que você pode ou não perceber for importante para a história, é ridículo deixar que a mecânica decidir se deve o personagem vai saber com uma rolagem de dado, sem uma premissa.

Fala comum de um mestre preguiçoso:

“bem, se você tivesse rolado melhor, teria visto que a tribo tinha bandeiras vermelhas em vez de pretas e toda a história do mistério faria mais sentido para você, mas ei, seu teste de Percepção foi 6, então só sinto muito”.

Por que estou pegando pé do teste de Percepção? Parcialmente porque sou um grande um chato, mas também porque é algo muito mal usado.

Não é surpreendente que, à medida que um jogo evolui, as pessoas expandam as regras para cobrir mais e mais casos. Temos regras para perseguições de carros? Não? Melhor adicionar algumas. Mesmo que seja apenas uma questão de aplicar uma mecânica central onde ela não foi aplicada antes, é lógico querer resolver mais e mais situações com dados.

O truque é que os dados devem melhorar o jogo, não substituir o jogador. Qual é o desdobramento final de resolver mais e mais coisas com dados em vez de cérebros? A aventura de uma rolagem: se você fizer a rolagem, você ganha! Missão concluída. Nenhuma decisão do jogador necessária.

E pra que servem os dados? Eles servem para resolver coisas que não podem ser resolvidas nos limites educados de uma mesa de cozinha ou na física do nosso mundo. Meu carro explode quando bato naquele caminhão-tanque? Minha espada corta a cabeça do dragão? Minha magia levita castelo?

Se é algo que um jogador conseguiria fazer, não precisa de dados!

O personagem é seu representante no mundo do jogo, não seu substituto. Fale e sinta pelo seu personagem. Pergunte ao Mestre. Explore o ambiente. Pense, jogue, etc.

Um Jogo Sem Percepção

Aqui está o desafio: se não for uma situação de combate ou estiver prestes a se tornar uma (ou seja, testar surpresa ou outros), não use testes de Percepção. De forma alguma. Zero. Deixe os jogadores descreverem o que procuram ou como estão se comportando e apenas decida arbitrariamente o que veem ou não veem.

Depois que seus jogadores entenderem a ideia, veja se eles se tornam mais curiosos, interativos e basicamente façam o Role Play do RPG, para dependerem menos do Game.

Quais outras rolagens você deve parar de usar em favor do jogo? Você me diga…

Publicado em:D&D

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2 Comentários

  1. Alisson Souza

    Muito bom! Sintetizou perfeitamente como deveria na maioria das vezes. Hj eu entendo como era errdo, melhor como reduzia a imersão jogar tudo em cima dos testes e seguir quando o resultado não era suficiente.

  2. Pingback:​Dicas Para Mestre de D&D 5e: Não Peça Testes, Faça-os Pensar! - RPG - Mestre Charles Corrêa

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